Um em cada cinco jovens está viciado em cigarro eletrônico
Você já ouviu falar no termo “vaping”? Talvez ele seja estranho para você, mas diz respeito ao ato de fumar cigarros eletrônicos, ou “vaporizar”. Você deve ter percebido que esse tipo de hábito tem se tornado cada vez mais popular, principalmente entre os adolescentes.
Fumar um cigarro eletrônico parece a solução para todos os problemas daqueles que querem parar com o vício. Mas isso não significa que ele seja mais saudável, talvez só mais presente no hype.
“O cigarro eletrônico é um vaporizador de nicotina com outras substâncias diluídas na sua formação. Principalmente álcool, como etilenoglicol e glicerina vegetal. Assim, quanto à ação da nicotina, sim, é a mesma do cigarro comum”, explica Murilo Neves, cirurgião de cabeça e pescoço da clínica MedPrimus.
Porém, os e-cigarros, como também são chamados, não contam com outros elementos que existem na versão tradicional e que vêm da queima do alcatrão, além de serem os principais agentes cancerígenos. Ou seja, o efeito da nicotina é o mesmo, mas, no geral, essa é uma opção um pouco menos nociva que o cigarro comum.
Outro ponto importante e que gera muita confusão: tal qual os cigarros tradicionais, as versões eletrônicas também causam, sim, dependência, já que o efeito da nicotina é igual em ambos os casos. Isso significa que mesmo sendo outra tecnologia, elas levam ao vício.
De acordo com o profissional, ainda não existem estudos o suficiente que comprovem o efeito dos e-cigarros na saúde como um todo, ele surgiu há menos de 10 anos e ainda não há informações o bastante, mas já existem pesquisas que mostram a sua relação com doenças como a fibrose pulmonar. “Além disso, as doenças relacionadas à nicotina, como problemas vasculares, impotência e hipertensão, se mantém em ambos”, diz.
Vaping entre adolescentes
Comentamos nos primeiros parágrafos que os cigarros eletrônicos e a onda do “vaping”, que vem de “vaporizar”, é cada vez mais popular entre os adolescentes. Aliás, esse crescimento é tão grande que tem acionado um alarme entre pais e educadores.
Segundo um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, o consumo de e-cigarros aumentou consideravelmente nos últimos anos: passou de 1,5% em 2011 para 20,8% em 2018, e isso apenas entre o público adolescente. Basicamente, um em cada cinco jovens do Ensino Médio faz uso de um cigarro eletrônico.
“Um dos motivos [dessa popularidade] são os sabores que estão associados ao e-cigarro. Mentol, chocolate, cítricos e outros são altamente atrativos aos jovens”, explica Murilo. A atração é tanta que, recentemente, o próprio CDC, além do FDA (órgão administrativo de comidas e substâncias lícitas nos EUA), proibiram a comercialização de e-cigarros saborizados para tentar controlar a epidemia do hábito entre os adolescentes.
Há quem diga que o e-cigarro pode substituir o cigarro comum no futuro, porém, Murilo acredita que isso não vai acontecer. Na verdade, ele pode servir como porta de entrada para um mundo de vícios. “Hoje, 3/4 dos jovens usam e-cigarro nos Estados Unidos. E acredita-se que ele será um facilitador para a introdução de outras drogas, como os próprios cigarros comuns”.
O momento, então é de prevenção. A melhor forma de evitar que mais jovens tomem o hábito para si é explicar os efeitos que a nicotina tem no organismo e pressionar o governo para aumentar o número de campanhas de conscientização sobre o tema.