Onde estão nossas crianças?

Brasil tem média de 50 mil crianças desaparecidas por ano

Riselda Morais

        “É uma dor tão grande… que eu não sei explicar o quanto ela dói. Só sei que dói muito, é uma dor tão grande que me deixa sufocada”, diz a mãe de uma criança desaparecida em 2017 que nunca foi encontrada.

    Tamanha dor é sentida por milhares de famílias que perdem suas crianças anualmente em nosso país. 

     Segundo informações do S.O.S Crianças Desaparecidas, mais de 50 mil crianças desaparecem no Brasil todos os anos e estima-se que quase 250 mil crianças e adolescentes estejam desaparecidas.

    Segundo dados do UNICEF, no mundo, desaparecem mais de 2,2 milhões de crianças, sendo que 1,2 milhões são vítimas de tráfico humano.

    Para alertar as pessoas sobre as questões relacionadas ao desaparecimento de crianças e adolescentes, é celebrado no dia 25 de maio, o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas. Neste dia são realizadas várias atividades que visam mobilizar a população na tentativa de esclarecer os desaparecimentos e encontrar essas crianças.

As preocupações, as dores e as dúvidas das milhares de famílias que tem um familiar desaparecido são inúmeras.  As possibilidades também. 

 – Foi uma fuga?.

– Um rapto?. 

– Um crime?.

– Pedofilia?. 

-Tráfico de seres humanos ou de órgãos?. 

-Prostituição?. 

Muitos adolescentes fogem de casa para fugir da violência doméstica ou por estarem envolvidos com drogas. Mas um dos principais motivos que leva ao desaparecimento de crianças é o tráfico, realizado por quadrilhas que negociam seres humanos como se fossem mercadoria. 

     Segundo a ONU, 90% das vítimas são do sexo feminino, das mais variadas faixas etárias, incluindo crianças e adolescentes, para serem usadas em diversos fins, venda de órgãos, trabalho escravo, prostituição ou adoção ilegal. 

    Ainda segundo dados da Organização das Nações Unidas, o tráfico internacional de pessoas, movimenta entre US$ 7 e US$ 9 bilhões por ano. 

     O Brasil registra cerca de 8 desaparecimentos de pessoas, por hora e, entre os países da América Latina, é um dos mais vulneráveis para o tráfico de pessoas. Tem legislação fraca, quase não se pede documentos de crianças durante viagens e tem  fronteiras pouco fiscalizadas.  

       Segundo dados da Pestraf – Pesquisa Sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual – o crime organizado utiliza pelo menos 109 rotas entre municípios e Estados brasileiros para o  tráfico interno de pessoas e 131 rotas terrestres, marítimas ou aéreas para traficar mulheres, crianças e adolescentes brasileiras para países estrangeiros.

Para minimizar as chances de ter sua criança desaparecida ou você se tornar vítima do desaparecimento ou do tráfico, é importante tomar  alguns cuidados.

– Ensine a criança o nome completo dela, dos pais, telefone, endereço.

– Nunca deixe a criança brincar ou andar sozinha na rua, na praça, no parque sem a supervisão de um adulto.

Nunca deixe a criança sozinha em casa e nem deixe a porta aberta, ela pode aproveitar um descuido e sair. 
 
Ensine a criança a não falar com estranhos e não aceitar balas, doces, presentes de desconhecidos.
 
Ensine a criança que caso se perca nas ruas, para  procurar um policial, uma viatura e  pedir ajuda.
 
Ensine a criança ligar 190 e  explique em que situações ela pode ligar.
 
Se alguém parar o carro e fizer perguntas não se aproxime e nem entre no veículo.
 
Em locais movimentados como shoppings, ruas e aeroportos segure firme na mão da criança, não largue e não se percam de vista.
 
Em shows e na praia coloque pulseirinha com a identificação da criança e marque um ponto de encontro de fácil identificação caso se percam de vista, mas não a deixe sozinha.
 
Monitore as conversas da criança nas redes sociais, nelas existem muitos aliciadores e pedófilos se fazendo passar por outras crianças.
 
Se for adolescente, evite sair sozinho(a) e avise sempre aos pais onde vai e com quem. Se entrar em apuros ligue 190 ou procure um policial, uma viatura ou uma delegacia.
 
– Quando uma criança ou uma pessoa desaparecer, nunca espere 24 horas para poder fazer o Boletim de Ocorrência. Em 24 horas a fronteira já pode ter sido atravessada; a pessoa já pode estar em outro Estado ou morta; os órgãos já podem ter sido retirados; ela já pode ter sido estuprada, enfim, pode ser tarde demais.
 
Se suspeitar que uma criança está perdida ou que uma pessoa está sendo traficada. Chame a polícia!

 

 

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