Cabos que não atendem padrões técnicos aumentam o risco de incêndio e de danos aos aparelhos
Energia elétrica: condutores fora do padrão podem aumentar conta de consumidores em 30%, prejuízo ao País chega a R$ 8 bilhões
A utilização de cabos irregulares pode fazer com que o consumidor tenha perdas de até 30% em seu consumo de energia, e, em tempos de bandeira vermelha, tenha ainda mais prejuízo no bolso. Cálculos do SINDICEL (Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos do Estado de São Paulo) apontam em cerca de R$ 8 bilhões o prejuízo na conta nacional.
O estudo levou em conta informações do Ministério das Minas e Energia, segundo as quais 40% do consumo atual no Brasil estão concentrados em instalações prediais, em baixa e média tensões (ou seja, residências, comércio, escritórios).
“Sabendo que o desvio médio de resistência ôhmica registrado pela Qualifio nos cabos não conformes é, em média, de 30%, fizemos os cálculos do prejuízo que essa não conformidade traz ao país e ao bolso dos consumidores”, explica Enio Rodrigues, diretor-executivo do Sindicel. (Qualifio – Associação Brasileira pela Qualidade dos Fios e Cabos Elétricos é uma entidade sem fins lucrativos que desenvolve atividades em parceria com o Sindicato).
“Ao cruzar esses 30% apresentados em instalação com cabos irregulares com o volume de condutores não conformes comercializados no Brasil, chegamos a um desperdício correspondente a 7% do consumo total de energia, de acordo com estimativas anuais”, alerta Rodrigues. “Ou impressionantes 32.700 GWh, que somam um desperdício de R$ 8 bilhões, que precisa ser combatido com fiscalização rígida e padronização”, afirma.
Não conformidade e riscos
Para se ter uma ideia do tamanho desse mercado irregular, em 2019, 64% das amostras testadas estavam fora da conformidade no Brasil. Em anos anteriores, os números eram ainda maiores: em 2018 eram 73%, em 2017, 70% e, em 2016, 72%.
Em relação aos casos de incêndio por sobrecarga de energia, em 2020, foram registrados 583. Na série histórica, em 2013 foram 200 ocorrências, com os números se elevando ano a ano, até o recorde 656 em 2019 (em 2020, o número de permaneceu em assustadoras 583 ocorrências).
“Cabos que não atendem aos padrões de conformidade, se usados em aparelhos elétricos que demandam grande energia, como ar-condicionado e geladeiras, podem provocar incêndios”, explica Enio Rodrigues. “Esses incêndios acontecem devido à combinação de cabos irregulares com mão de obra não qualificada e, consequentemente, instalações inadequadas.”
Apreensões frequentes
Além de apoio técnico e logístico em operações de fiscalização, o SINDICEL colabora com órgãos técnicos e defesa do consumidor de todo país com treinamentos e doação de equipamentos para ajudar a coibir a fabricação e o comércio irregular de fios e cabos elétricos.
Desde o início das atividades do Programa Nacional de Combate ao Mercado Ilegal pelo SINDICEL em outubro de 2018, mediante denúncias aos Órgãos Delegados do INMETRO, Delegacias de Combate aos Crimes contra o Consumidor, Ministérios Públicos Estaduais e PROCONS Estaduais e Municipais, mais de 72 mil rolos e 42 bobinas foram retirados do mercado.