Flanelinha: “O dono da rua”
Em caso de coação, extorsão ou ameaça feita por flanelinha, o munícipe deve contatar o 190 ou 153 e apresentar ocorrência na delegacia
Riselda Morais – São Paulo – Posso olhar aí dona? Mesmo sabendo que cada um olha para onde quiser, sem compromisso e sem direito a remuneração, essa frase do flanelinha “posso olhar aí dona” é na verdade uma forma de extorquir dinheiro de motoristas que já pagam impostos para poder utilizar os espaços nas ruas e com segurança. Na verdade ele está te dizendo que quando você for pegar o carro terá que dar dinheiro a ele.
A menos de 300 metros do 21º Distrito Policial de Vila Matilde e quase em frente ao cartório, o crime acontece em plena luz do dia. Um flanelinha ocupa irregularmente os espaços na Rua Antonio de Souza Campos, entre a Rua Dona Matilde e a Rua Edgar de Azevedo Soares no bairro de Vila Matilde, reserva os espaços com cones e trata os motoristas que se sujeitam a deixar seus carros sob seus cuidados por clientes.
Como ocorreu o fato
Nesta quinta-feira, 16/03 entre 11h30 e 11h57, ao tentar estacionar na Rua Antônio de Souza Campos próximo a Rua Dona Matilde encontrei as vagas da rua fechadas por cones e pedaços de madeira, me distanciei e estacionei próximo a Rua Edgar de Azevedo Soares. Ao voltar a pé para ir ao cartório falei ao flanelinha que é proibido por lei fechar as vagas da rua.
Ele respondeu que fecha para seus clientes.
Questionei: – Seus clientes? Você é o dono da rua?
Ele respondeu que trabalha na rua há mais de 10 anos e que olha até as casas. Irritado, ele me seguiu até dentro do cartório onde permaneci por algum tempo.
Ao sair do cartório e ir para o carro, ele estava ao lado de um carro branco, aberto e começou a mostrar que o carro estava aberto. Ignorei pois não era o meu carro. Então ele me seguiu pela rua, gravando um vídeo e dizendo que o chamei de ladrão.
Na tentativa de me intimidar, ameaçava chamar os moradores da rua e um juiz que supostamente mora na rua, comportando-se como se os representasse.
Quando falei que sou jornalista e o questionei pela ilegalidade de seus atos, o flanelinha falou para eu ir embora e me colocar em meu lugar.
Opa! Eis-me aqui, escrevendo essa matéria.
O que diz a Secretaria Municipal de Segurança Urbana
Questionada sobre: “O que estão fazendo para coibir este tipo de ilegalidade nas ruas e como o munícipe deve agir diante deste tipo de situação?. A Secretaria Municipal de Segurança Urbana informou que a população pode denunciar este tipo de crime de ocupação irregular dos espaços na ruas ligando para o 190.
A Secretaria de Segurança informou ainda que “durante as rondas da Guarda Civil Metropolitana, quando o efetivo se depara com flagrante de extorsão praticado por flanelinhas, as partes são conduzidas ao Distrito Policial, mas é necessário que a vítima compareça ao DP para haver a queixa”.
Disse ainda que “As equipes da GCM estão à disposição do munícipe que se sentir coagido ou vítima de extorsão e ameaça para identificar os autores e apresentar a ocorrência na delegacia mais próxima. Em caso de ameaça, o munícipe deve contatar o 190 ou 153”.
Companhia de Engenharia de Tráfego
A CET informou que seus agentes não realizam abordagens, pois não têm poder de polícia, mas quando necessário, as equipes de campo buscam o suporte da Polícia Militar, por meio do Comando de Policiamento de Trânsito (CPTran). E que no portal SP156, o munícipe pode informar “denunciar reserva irregular de vaga” (https://sp156.prefeitura.sp.gov.br/portal/servicos/informacao?t=573&a=578&servico=2651).
A CET alerta que quando se tratar de estacionamento rotativo, que o munícipe compre somente pelo aplicativo ou em revendedores autorizados.